No dia 21 de março comemora-se o Dia Internacional da Criatividade Artística.
Segundo os nossos alunos a criatividade, “é ter imaginação para fazer coisas novas”; “é fazer o que ninguém faz”; “é explosão da imaginação”; “é não usar só rosa e roxo”; “é algo fora da caixa”; “é o espaço, é infinita”.
Segundo a perspetiva do Professor Vítor Manuel Tavares Martins, “tem-se agora consciência que para uma sociedade ser salva da estagnação e para o individuo atingir o seu pleno desenvolvimento, qualquer sistema de educação deve encorajar a Criatividade”. Neste sentido, a criatividade passa por uma capacidade inerente à vida do ser humano que é posta em prática ou reprimida por ação do foro social e/ ou emocional.
É vital deixar de conotar a educação artística, exclusivamente, como uma vertente qualitativa da educação; essa conotação levou a que muitas vezes fosse relegada para segundo plano no campo da educação que, à mercê das orientações economicistas da sociedade ocidental, elegeu como mais determinante a aprendizagem da ciência. Forçar a dissociação entre a arte e a ciência é ter uma visão empobrecida da educação. Na verdade, ambas contribuem para a formação do individuo e sem elas a complexidade do sujeito psicológico humano ficará certamente limitado. Torna-se, assim, importante desenvolver desde cedo a imaginação criativa junto dos alunos.
A escola não deve descurar o seu papel de promotora da criatividade… esta capacidade leva o aluno a interrogar o mundo de forma constante e a construí-lo de acordo com a sua perspetiva. Através do desenho, da pintura ou de outra manifestação artística, a criança dá-nos mais do que um resultado, dá-nos uma parte de si: como pensa, sente e vê. Permitindo-lhe, assim, um desenvolvimento mais profundo a vários níveis, nomeadamente, ao nível cognitivo, afetivo e expressivo.
No Instituto de Ciências Educativas tenho o privilégio e o orgulho de fazer com que as nossas crianças usem o desenho para libertar a sua criatividade artística. Segundo Vincent van Gogh, “A criatividade é a inteligência divertindo-se”. E é isso mesmo! No início, é preciso quebrar o gelo, para vencer o medo da folha em branco. É o momento em que imediatamente dizem “Não sei desenhar!”. Respondo que não é verdade. Todos sabemos desenhar, porque o desenho é inerente ao Homem. Este receio surge, porque, em muitos casos, nos primeiros anos de escola, a linguagem visual não se desenvolve da mesma forma que a linguagem verbal. Quando chegam ao 2.º e 3.º ciclos, os alunos sentem-se constrangidos ao perceberem que os seus desenhos ainda são representações infantis…e param de desenhar. Que pena! Porque o desenho é um meio muito poderoso de expressar a criatividade. Nesta fase, é preciso um “trampolim”, um ponto de partida, que desperte a imaginação. Esse salto é necessário com motivação e estímulo. “Motivar” é um verbo fascinante, porque contém em si um mecanismo lógico que liga os dois significados que possui. Motivar, na verdade, significa explicar a razão, a razão de algo. Mas, também, significa estimular, “empurrar” para fazer algo.
O ambiente onde esse processo ocorre é também importante. Tem que se criar espaço para o gosto de quererem experimentar novas técnicas e matérias. O resto acontece naturalmente… Os alunos sentem-se motivados quando veem acontecer o resultado do seu trabalho numa folha de papel. Eu aprendo com eles e eles comigo. Esta partilha de ideias faz surgir a criatividade que muitos julgavam ter perdido lá atrás, quando eram pequeninos… Esta é a minha e a nossa recompensa!
É muito prazeroso criar o estímulo, o interesse e acordar a sua criatividade e energia… fazê-los voar um pouco mais alto do que a altitude onde se aninham outros registos. Porque a criatividade parece ser a capacidade mais importante para conseguirmos ultrapassar muitos dos desafios com que hoje nos deparamos.